sábado, 15 de abril de 2017

O Poder do Algoritmo e do Engajamento

Ainda como consequência da leitura de Exponential Organizations, de Salim Ismail, e de minha curiosidade em entender como as startups do mundo digital projetam-se de forma tão magnificentes nos últimos anos. Percebi que Algoritmo e Engajamento são duas palavras que parecem, até o momento em que estudo o tema, representar o sucesso das startups.

Por Algoritmo, que aqui trato em letra maiúscula, entenda-se não o conceito definido nos campos da matemática e da ciência da computação (https://en.wikipedia.org/wiki/Algorithm), mas a capacidade de automatizar - via algoritmos computacionais - tarefas ou necessidades do dia-a-dia. O Waze (https://www.waze.com/) automatizou, de forma inteligente, a informação sobre o trânsito nas cidades do mundo (https://wiki.waze.com/wiki/Routing_server). E o que falar do algoritmo do buscador do Google, denominado PageRank (https://en.wikipedia.org/wiki/PageRank). Algoritmo é algo tão fundamental para essas startups, que elas fazem concursos frequentes para que outros desenvolvedores possam melhorar os algoritmos e até ganhar prêmios em dinheiro por isso. A isso denomina-se crowdsourcing.

Já o Engajamento, em minha opinião, é a capacidade de envolver as pessoas e fazê-las utilizar o aplicativo que abriga determinado algoritmo. Um belo algoritmo do Uber (https://www.uber.com/en-BR/), do Facebook (www.facebook.com) ou do Tinder (www.gotinder.com) não é nada se as pessoas não os estiverem usando - engajadas. 

Há, inclusive, uma história que acho emblemática sobre Algorítmo e Engajamento, que é aquela que explica como a Waze, empresa fundada em Israel, conseguiu bater a Nokia (http://www.nokia.com/). Esta, então líder do mercado de celulares, tinha um projeto estratégico de mapear as estradas e cidades, tendo, para isso, investido muito dinheiro na compra de sensores que seriam instalados nas estradas e que, combinados aos celulares, forneceriam informações de localização aos seus usuários. Parecia perfeito, mas a Waze, com um punhado de empregados, criou um algoritmo que se beneficia do GPS e serviços de mapas dos smartphones, além do engajamento dos usuários, para prover informações de localização às pessoas. Não investiu um tostão em infra de sensores. É um exemplo de união entre o Algorítmo e o Engajamento.

Um abraço. Alexandre da Costa Goularte (Gula/Google)

domingo, 9 de abril de 2017

Os Conceitos Disruptivos que a Transformação Digital traz ao Mundo Tradicional dos Negócios ...

Leio o ótimo livro Exponential Organizations, de Salim Ismail, indicado pelo inteligente colega João Marcelo Barros (https://www.linkedin.com/in/joaomarcelobarros/) e que pode ser parcialmente entendido em vídeo do mesmo autor (https://www.youtube.com/watch?v=FNQSM4ipZog).
O livro apresenta muitos conceitos novos trazidos pelas start-ups que avançam sobre o mundo digital e o mundo real. Conceitos esses que se chocam com as empresas da economia tradicional. Cito, aqui, alguns que me chamaram muita atenção ...

A ausência de propriedade é um dos conceitos "pertubadores". Empresas do mundo digital que são ícones da transformação digital não têm foco na propriedade (existência de ativos) sobre as operações de negócio que tocam. Quer um exemplo? Uber não possui carros seus para prestar o serviço que transporta os usuários. Em verdade o Uber tem uma plataforma digital e um modelo de negócio que liga o proprietário do carro à pessoa que precisa locomover-se. Nem o veículo pertence ao Uber e nem o proprietário do veículo. Outro exemplo: AirBnb faz a intermediação entre milhões de pessoas que querem alugar um imóvel (ou parte de um) por algum tempo e outros milhões que têm interesse de arrendar seus imóveis. O AirBnb não detém nenhum imóvel e as partes interessadas não têm nenhuma relação trabalhista com o AirBnb. É pura intermediação (inteligente, claro!). Um terceiro exemplo: o Google não é proprietário da informação que seu buscador apresenta aos usuários, mas ele tem uma forma - até agora - imbatível de apresentar o conteúdo relevante a quem tem interesse em achá-lo. Seu modelo de negócio calca-se em explorar comercialmente isso.

Esses exemplos são citados no livro de Salim Ismail, assim como há outros, para quem quiser aprofundar-se.

Outro conceito que me chamou atenção é sobre o modelo de emprego das pessoas. Já critiquei, em outro post (http://adcggoularte.blogspot.com.br/2017/04/o-que-esta-contecendo-com-as-empresas.html), como a transformação digital ajuda a acabar com o emprego de uma massa de pessoas, porém não repõe com novos empregos. Embora isso cause-me preocupação, o livro de Ismail apresenta um novo modelo de empregabilidade em que as pessoas não deverão mais ser empregados, como se diz no Brasil, de carteira assinada, com um salário fixo. Muitos serão contratados e pagos com base em sua performance. O exemplo mais claro é o Uber, em que os motoristas recebem pelo serviço prestado. A pessoa não trabalha mais em um escritório, trabalhando de qualquer lugar, bastando estar conectada ao mundo digital. Em contrapartida, não há mais salário fixo. Lembra-me um conceito de cloud computing chamado pay-as-you-go, que eu mudaria para earnyour-salary-as-you-go. Para quem é empregado, sabe-se que isso pode parecer mais justo, mas causa enorme intranquilidade ao pai de família (sei que a expressão é antiga e não muito aceita nos dias de hoje) que precisa ganhar o sustento para alimentar, educar, dar saúde e lazer aos filhos. Ou será que deixará de existir também essa figura da família, com pais e filhos?!

Um adendo que leio no mesmo livro é sobre a empregabilidade de profissionais de TI. Como a transformação digital demanda mais e mais skills, com enorme velocidade de mudança, as organizações devem usar a terceirização para suprir essa necessidade. Outras organizações, e esta afirmação é com base na minha experiência pessoal, podem suprir isso usando um nível crescente na automação e uso da inteligência artificial nas atividades executadas por técnicos.

Vale ficar atento! A transformação digital está colocando bastante pimenta nas empresas do mundo tradicional.

Um abraço. Alexandre Goularte (Gula), ou "Google", como dizem alguns amigos.